O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, analisou o atual quadro politico e econômico do País, e entende que o partido errou politicamente ao não apresentar candidato a presidente nas eleições de 2022. “Apesar de termos perdido espaços no Congresso, nós estamos agora fazendo um trabalho de estratégia e planejamento para voltarmos a ter protagonismo já a partir das eleições municipais”. Governador de Goiás por quatro mandatos, deputado estadual, deputado federal e senador pelo estado do Centro-Oeste, Perillo avisou que o PSDB terá de 10 a 12 candidatos às prefeituras de capitais, 1.200 candidatos às prefeituras do interior e outros cerca de 800 candidatos a vice-prefeituras.

Por que o senhor diz que o RS não é prioridade de Lula?
Como dirigente do partido, a minha obrigação, bem como a de todos os membros da Executiva Nacional, é cobrar efetividade ao governo federal em relação à tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul. São milhares de irmãos nossos, passando por necessidades totais, 500 mil desabrigados, cerca de 400 municípios atingidos numa tragédia sem precedentes na história do Estado e uma das maiores tragédias do Brasil. Portanto, nossa obrigação é cobrar que efetivamente, na prática, o governo federal priorize o Estado do Rio Grande do Sul, especialmente as pessoas que estão nesse momento passando por todas as maiores dificuldades, necessidades, enfim, todas as vicissitudes.

Presidente Marconi Perillo qual seria o papel do presidente da República diante de gigantesca tragédia?
O papel de um presidente numa tragédia como essa é coordenar todos os esforços do governo federal, coordenar esforços também de outros entes estaduais e privados, buscando, através de uma força-tarefa, responder efetivamente às reais necessidades, que é, nesse primeiro momento, medicamentos, alimentos, condições para que os 500 mil desabrigados possam sobreviver, auxílio-emergencial para as famílias que estão desabrigadas, apoio às famílias enlutadas, enfim, também uma articulação em nível internacional para que o Brasil possa obter recursos de governos estrangeiros, de instituições privadas e não privadas estrangeiras no sentido da reconstrução do estado do Rio Grande do Sul.

Qual a ideologia tucana, a favor ou contra o governo federal?
O PSDB é um partido de oposição ao governo federal. Somos um partido que sempre teve coerência. Nós não ganhamos as eleições, naturalmente fomos jogados pela oposição. Mas não é uma oposição extremista, do quanto pior melhor. É uma oposição que pensa, que reflete, que analisa, que vota aquilo que é a favor do Brasil e que também tem a coragem de colocar o dedo na ferida das coisas que não estão certas, que precisam ser mudadas, que precisam ser melhoradas, que precisam ser corrigidas. É assim que a gente faz oposição. Oposição de alto nível, mas oposição apontando também os equívocos. A política externa do governo federal é muito ruim, muito equivocada. Não dá para defender Hamas, ditadura na Venezuela, ditadura no Irã, em outras partes do mundo. E há uma preocupação crescente em relação à questão fiscal. Nos preocupa muito. Que o Brasil tenha um plano fiscal que impeça a volta da inflação, juros altos e outras consequências que uma política fiscal ruim pode trazer ao País e ao povo.

Qual a sua avaliação do Governo Lula?
A avaliação é que tem alguns pontos positivos, há uma tentativa do ministro de Fazenda no sentido de fazer com que haja um ajuste fiscal, o presidente do Banco Central tem atuado de forma muito firme também. E há uma política no sentido de tentar acertar na área ambiental, a redução do desmatamento desenfreado da Amazônia, por exemplo, embora no Cerrado, em Goiás, no Cerrado haja desmatamento desenfreado. Mas existem equívocos e eu diria que os principais equívocos estão em relação ao trabalho que o PT tem feito para evitar o ajuste fiscal tão fundamental para a estabilidade econômica e para o bem-estar dos brasileiros é outro erro é a política externa, como eu já disse.

Há clima político para o projeto de Reforma Tributária ser aprovado ainda este ano?
O PSDB aprovou, votou a favor das reformas todas, tanto as que nós fizemos nos nossos governos, nos governos do FHC, a reforma que, por exemplo, colocou o telefone nas mãos de todos os brasileiros, que foi a reforma da telecomunicação, reformas em outras áreas estratégicas do governo, com a criação de agências reguladoras, apoiamos a reforma trabalhista do governo Temer, a reforma previdenciária que aconteceu no governo Bolsonaro e aprovamos agora a reforma tributária do governo Lula. Todas as mudanças que sejam benéficas para o País têm o nosso apoio. Eu espero que o Congresso aprove a regulamentação da reforma tributária e todas as leis infraconstitucionais ainda neste ano, para que a gente possa ter uma economia um pouco melhor regulamentada e uma redução desse emaranhado de tributos que a gente tem no País.

O PSDB, entre os que tem uma história construída, o único partido, fora da polarização (PT-PL). Qual a estratégia do PSDB no cenário nacional?
O PSDB tem uma história, é o partido que governou o País por duas vezes, governou 18 estados da federação, com gestões exitosas, com entregas e com benefícios direto às populações, tanto do ponto de vista da gestão austera quanto do ponto de vista da gestão social, econômica e de infraestrutura. A gente pode dizer que o PSDB ajudou a modernizar o Brasil em todos os aspectos. No governo Fernando Henrique com o Plano Real e o fim da inflação, com a lei dos medicamentos genéricos, com o coquetel de combate ao HIV, com a lei do Fundef que revolucionou o ensino básico no Brasil, com a lei de responsabilidade fiscal, com a Lei Kandir que viabilizou o agro, com a criação das agências reguladoras e todas as reformas que nós fizemos no setor elétrico e principalmente no setor de telecomunicações, colocando telefone celular nas mãos de cada brasileiro. Enfim, foram políticas nossas e também as políticas de transferência de renda, as políticas sociais do governo FHC. Se contarmos também as capitais, nós tivemos importância, trabalho e legado em 24 estados do Brasil. Em todos eles nós deixamos legados de modernização do Estado na área de científico-tecnológica, na área de infraestrutura, educação, saúde, segurança, transferência de renda, na área da industrialização, do desenvolvimento. Esses são legados nossos. E o PSDB tem o seu espaço exatamente porque tem quadros muito preparados, espalhados pelo Brasil todo. É um partido que tem coerência histórica, não é um partido que fica bandeando de um lado para o outro por causa da eleição. A gente tem o nosso rumo e é um País que tem uma capilaridade grande, um partido que tem uma capilaridade grande. Apesar de termos perdido espaços no Congresso, nós estamos agora fazendo um trabalho de estratégia e planejamento para voltarmos a ter protagonismo já a partir das eleições municipais. Nós vamos ter de 10 a 12 candidatos às prefeituras de capitais, 1.200 candidatos às prefeituras do interior e outros cerca de 800 candidatos a vice-prefeituras. Dessa forma nós pretendemos romper a polarização, sendo uma via de oposição ao governo federal, mas uma via consequente. Uma via que possa não só fazer oposição, mas apresentar um projeto viável para o Brasil.

O PSDB vai se manter fora do jogo pela presidência da República? Essa estratégia fez o partido diminuir de tamanho em 2022.
O PSDB cometeu um grande erro ao não apresentar candidato à Presidência da República em 2022. Foi um erro que nos custou muito caro, isso não vai se repetir em 2026. Nós teremos candidatos à Câmara Federal em todos os estados do Brasil, teremos palanques de candidatos a governador, senador, em pelo menos dez estados brasileiros e apresentaremos um nome competitivo para disputar a Presidência da República representando o Centro Democrático no País.

O PSDB defende o Plano Real em seus programas anuais do partido. O governo Lula tem mantido as bases do Plano Real?
O PSDB foi o responsável intelectual, através de um grupo de economistas do partido, sob liderança de Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda, pela criação do Plano Real, um plano que mudou definitivamente as bases econômicas do País, incluindo socialmente milhões, dezenas de milhões de brasileiros que viviam meio que na dependência do que acontecia a cada dia com o aumento estratosférico da inflação, um imposto que sempre corroeu os salários dos trabalhadores, tirava a previsibilidade dos pequenos, médios, grandes empresários e até dos governos. Então o Plano Real foi definitivamente um dos maiores momentos do País em termos de guinada econômica, em termos de transformação de uma realidade que era sombria para uma realidade promissora, uma realidade que trouxe consequências muito positivas para o País. Os dois primeiros governos do Lula mantiveram os alicerces, os pilares principais do Plano Real, principalmente os fundamentos do Plano Real. Nesses últimos governos do PT, a gente tem visto uma certa insensibilidade em relação à responsabilidade fiscal. A presidente do PT chega a defender que o governo rompa com a responsabilidade fiscal. Isso seria um desastre em todos os aspectos e seria o fim do Plano Real e da estabilidade econômica no Brasil.

Em 2024 onde o partido tem condições de vitória na disputa?
Nós teremos candidaturas em cidades muito importantes do Brasil, de 10 a 12 capitais, e outras cidades estratégicas em todas as regiões, em todos os cantos do Brasil.

Como o senhor avalia o PSDB no RN, onde segue ampliando a atuação?
O PSDB do Rio Grande do Norte é um partido extremamente vigoroso, forte, com musculatura. Temos dez deputados estaduais, hoje vários vereadores na Câmara de Natal, e presença significativa em todas as regiões do Rio Grande do Norte, em todas as cidades mais estratégicas. São mais de 250 vereadores tucanos com mandato no RN. A condução de Ezequiel Ferreira e de outras lideranças só tem nos orgulhado.

Tribuna do Norte

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